Aprendendo a Aprender.

Inevitavelmente, todos os estudantes do mundo acadêmico tem em diversos momentos da jornada acadêmica a sensação de que aprender é apenas o ato de abrir-se para o que outro almeja ensinar. Realmente, talvez num meio controlado por paredes extensas, por livros, doutrinas ou ideias a muito consolidadas, isso tudo pareça muito óbvio e fácil, já que qualquer um que sabe ler é capaz de aprender nesse lugar, contudo, se tirarmos as palavras lidas e os textos como ensinaremos e aprenderemos? Nessas últimas semanas eu tive o privilégio de acompanhar o crescimento de um acadêmico, desses que usam livros, num espaço não controlado, num meio em que não bastam apenas palavras e leitura e que o estudo se faz inteiramente dependente do corpo e do orientador\professor. Nesse momento eu percebi que a educação não se faz apenas de palavras e textos escritos, mas sim com pessoas e principalmente quando se promove a abertura e a intimidade entre essas pessoas, o que gera a diversão, a alegria de aprender algo novo, tão distante daqueles estudantes doutrinados por livros e mais livros. Nesse contexto, volto àquele acadêmico que saiu das paredes da universidade e vejo que ele recuperou o prazer em aprender algo novo, algo livre, sem preconceitos e apenas por prazer. O aprendizado livre de preconceitos só é possível em um ambiente igualitário, mas principalmente num ambiente íntimo, que permita libertar essa alegria tão rara nos alunos de hoje quando se aprende algo novo. Com isso, não nego os livros, nem as leituras, nem as doutrinas ou estudos, nego o ensino sem coração, nego o ensino sem sentimento e principalmente, nego o ensino sem agentes ativos, professores ou alunos, todos somos responsáveis por manter um ambiente saudável de ensino, um ambiente íntimo de estudo, assim como uma professora minha sempre dizia: “Faça dessa sala mais do que tua casa, faça dessa sala teu lar e sempre terás abrigo na música e na dança, mesmo que distante dessa sala”. Essa professora marcou muito minha experiência enquanto discípula de seus ensinamentos por ter me mostrado que o melhor lugar para me expressar poderia ser em mim mesma. Talvez se todos tentássemos um pouco, professores e acadêmicos, se tentássemos sentir que a academia faz parte de nós e não daqueles que a escreveram, talvez obtivéssemos mais êxito em escrever nós mesmos a nossa história e a nossa academia.


 
Clarissa Corrêa.

Comentários

Postagens mais visitadas