A Educação de uma Bailarina

Educação faz parte daquele conjunto de palavras que nós temos certeza de que sabemos o significado, tanta certeza que raramente paramos para pensar nisso. Acontece isso com paz, amor, amizade, Deus, religião etc. Se pensarmos bem, veremos que não é tão simples assim definir educação, mas apesar da dificuldade, é um exercício intelectual imenso. Veja só, ao definirmos educação, teremos que levar em conta o que ela era, como se desenvolveu, o que é hoje, o quanto da nossa vida devemos a ela, o porquê dela ser assim e diversos outros questionamentos sobre o que  afinal é educação. Mas pensar nisso, é a única forma de percebemos que estamos indo pelo caminho errado.

Ao olharmos hoje para a forma como as escolas e demais instituições de ensino promovem o que chamam de educação, vemos um conjunto específico de saberes que são tidos como certos e importantes. São verdades. Tais verdades em geral não são questionadas, tentamos seguir uma linha de pensamento prévia, e no final temos a ilusão de que de fato entendemos aquilo. A conclusão de tal entendimento vem na forma de uma prova. Em números, temos a medida do quanto sabemos e conhecemos essas verdades. O grande problema é que em momento algum nos perguntamos se o mundo construído por essas verdades é o único que existe. São poucos os que questionam a forma de avaliação do entendimento de tais verdades. Olha só, temos uma nota de zero a dez. Será dez é saber tudo e zero saber nada? Mas tirar oito significa saber o quê? Oitenta por cento dos saberes? Mas e os outros vinte por cento, não foram aprendidos? Mas então eles não eram importantes? E por que foram ensinados então? A melhor forma de avaliar é fazer perguntas e esperar uma só resposta? Por que separamos tudo, prática de teoria, educação de técnica, disciplinas básicas de outras específicas etc? Por que tanta fragmentação, se o que realmente nos será cobrado da vida será o todo? São várias perguntas que jamais serão respondidas pelos professores ou doutores das universidades e escolas. A verdade é que boa parte dos estudantes não enxergam grandes  perspectivas na educação. O curioso é que Paulo Freire já havia notado tempos atrás, o grande poder do educar quando disse que " a educação não muda o mundo. Pessoas mudam o mundo. A educação muda pessoas". Mas por que não vemos essas mudanças? Porque há muito pouca educação nas instituições de ensino. Se pensarmos em mudança efetiva, veremos que tal mudança se dá no contexto espiritual. Max Weber em "A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", definiu o espírito do capitalismo como sendo algo que o torna único. O espírito de uma pessoa, nada mais é do que aquilo que a torna única. Mudar seu espírito é fazer com que ela veja novos contornos no mundo, e que o faça ao lado de diversas outras pessoas, mais uma vez Paulo Freire se antecipa nessa constatação ao falar que "ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo". Quando olhamos o mundo diferente, foi o nosso modo de pensar que mudou. Isso não é possível introduzindo pensamento em nossas cabeças. Por isso educar não é ensinar um pensamento, e sim ensinar a se pensar. E ensinando a se pensar vamos construindo um novo mundo, com outros contornos, com novas ideias e novos saberes. E isso é possível, vejamos um exemplo.

Um novo paradigma da educação:

Recentemente conversei com uma amiga bailarina. Ela estuda medicina agora, mas acredito que apesar de não fazer mais aulas de ballet ainda assim se considera uma bailarina. Nessa conversa ela me contou como foram suas aulas de ballet, a disciplina que adquiriu, a vontade com que fazia os exercícios, como aprendeu a improvisar, como aprendeu a história e o contexto em que o ballet se desenvolveu e como isso tudo foi maravilhoso. Não seria excelente se tivéssemos tudo isso nas escolas e universidades? Digo, temos ai um exemplo de motivação, ensinagem, propósito, e o melhor de tudo, prazer! Não seria bom se como minha amiga bailarina todas as crianças e jovens estudantes entendessem tão bem o que estudam a ponto de se sentirem eternamente parte daquilo? E ela me contou mais, me disse que depois do ballet clássico estudou outros estilos de ballet. Porque como no estudo da minha amiga bailarina não estudamos outros tipos de saberes? Porque somos levados a crer que a técnica se sobrepõem a arte, inclusive na faculdade? No vídeo abaixo, um educador de nome Sir Ken Robinson, nomeado cavaleiro pelas contribuições dadas à educação para a Inglaterra, nos explica um pouco de onde vem essa nossa educação e porque é necessário mudar os paradigmas dela. Mas não acaba por aqui. As diversas perguntas desse texto devem ser respondidas por nós sempre que pensarmos o que é educação. O importante mesmo é pensar.

                                   Para ativar as legendas, basta ir para o youtube
                                   clicando no botão do vídeo.
Um abraço forte e apertado,
Luan Menezes

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