Extensão Popular, transformando acadêmicos em artistas

Sabes por que as crianças adquirem habilidades mais facilmente do que os adultos? Porque elas não tem preconceitos e isso as liberta das barreiras e vergonhas de errar! Na dança é assim, somos todos crianças!

A Bailarina.


Nascemos todos com uma incrível curiosidade que nos leva a busca. Buscamos respostas para nossas perguntas, buscamos contato com o universo de sensações que nos rodeia, buscamos enfim conhecer. Durante esse processo de conhecimento pouco nos importamos em errar. É como diz a música A Bailarina do Toquinho, “...viro e me viro ao revés, e se eu caio conto até dez...”. Também há pouca preocupação em ser bom ou ruim, não corremos atrás do sucesso ou da aprovação da sociedade, aprovação esta chamada hoje de conquista, apenas queremos descobrir.



Um dia perguntaram para a bailarina se sempre havia dançado tão bem. Sempre se mexendo, ela respondeu:

- Bem ou mal, quem liga como eu dançava ou danço? Eu sempre me diverti, isso eu sei!


As crianças se tornam boas em algo não porque querem ser as melhores naquilo, ou porque existe a possibilidade de se destacarem perante os outros; elas se tornam boas, pois se divertem com a experiência da descoberta. Não vivem para aprender, aprendem para viver e assim vivem aprendendo e aprendem vivendo.

Mas tudo isso acaba. Entramos em um modelo de escola incompatível com a educação. Aprendemos que estudar é chato, que o erro deve ser punido, que a inteligência pode ser medida por notas, que existe apenas uma resposta certa para as coisas e que se deve estudar para entrar na faculdade e conseguir um bom emprego, como se tudo se tratasse de prestígio e destaque. Essa ideia é plantada na cabeça das crianças e os frutos que colhemos no ensino superior são horríveis, ácidos e amargos.

Não é de se surpreender que na universidade se cobre presença ou que os alunos pouco se interessem na construção da mesma. São 12 anos, em alguns casos mais, de ensino arbitrário e práticas emburrecedoras. No final são produzidas mentes alienadas, avessas a troca de conhecimento e desinteressadas na construção do ensino. A extensão popular tem um papel importante no processo de apresentação para os alunos de um novo modelo de ensinagem.

A Extensão Popular: Um novo exemplo de educação:

A extensão popular pode, no momento em que insere as pessoas em um ambiente diferente, construir uma nova forma de olhar e viver a educação. Apesar de não ser o único objetivo dela, esse é um dos resultados que contribuem para a criação de uma Universidade Popular. Aqui ressalto dois pontos. O primeiro é que a extensão popular insere pessoas, ou seja, o povo e não só acadêmicos ou estudantes da universidade. Não podemos pensar em extensão popular e não olhar para a sociedade como um todo, estando nós dentro dela. Isso faz com que se crie um ambiente de diálogo e rediscussão de ideias, as quais não são podadas pela visão autoritária da universidade tradicional.

E esse é o segundo ponto. O ambiente criado pela extensão popular é rico em aproximar e discutir. Ele aproxima, pois promove conversas onde o objetivo não é o convencimento e sim o compartilhamento, o qual leva ao discutir.

Esses dois pontos, inserção e modificação do ambiente, transformam uma universidade, antes abrigo para uma educação que adoece e que nos limita, em um lar para crianças, um lar que promove o cuidar e o se divertir. Logo, a extensão popular é uma ferramenta importante na superação da dificuldade de implementação de uma nova educação libertadora, que muitas vezes esbarra na terrível experiência prévia que a população possui.

Não é objetivo da extensão popular produzir artigos fast food, os quais são escritos de forma rápida e em série e servem apenas para engordar o currículo dos acadêmicos. Aliás, em tempos de combate a obesidade isso é um absurdo.

A extensão popular tem um poder enorme de transformação da universidade. Faz mais do que levar a população para dentro dela ou os acadêmicos para a comunidade. No fundo, ela revela que toda essa divisão é um mito, e que universidade e comunidade são a mesma coisa. Assim, ela mostra um paradigma diferente do que em geral é oferecido aos alunos. Ela termina por permitir que sejamos crianças outra vez, que aprendamos por puro prazer, que possamos expressar todos os nossos pensamentos e discuti-los, que sejamos instruídos e não conduzidos, que sejamos avaliados por métodos que nos levem ao crescimento e não ao medo e ao estresse. Pablo Picasso costumava dizer que todas as criaturas nascem artistas. A dificuldade é continuar artista enquanto se cresce. Sejamos então artistas, mais que isso, sejamos artistas ao lado de outros artistas, estejam eles dentro ou fora das paredes de nossa universidade. A extensão popular é lugar de música, teatro, poesia, escrita, dança e tudo mais que fazemos quando somos crianças, mas que paramos por má influência da escola. Em resumo, a extensão popular é lugar de artistas, em especial de bailarinas.







Um abraço forte e apertado,
Luan Menezes

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