Entre risos



Uma construção antiga, um jardim sem vida e muitas vidas habitando um mesmo lugar. Assim foi chegar no Asylo dos Pobres pela primeira vez, olhos curiosos, de cá e de lá, ouvidos abertos e um turbilhão de sentimentos.

Vivo todos os dias me questionando sobre os passos dados, tentando driblar os problemas e de repente me deparo com dois olhos. Dois olhos que falavam, apesar do silêncio. Enquanto todos estavam conversando fervorosamente com outros moradores do Asylo, lá estávamos eu e ela. A minha ansiedade por descobrir o lugar, por ouvir histórias, por poder ser útil em algo queria que eu me levantasse e explorasse o universo daquelas pessoas, mas nada me fez sair dali.

De repente, um riso.

A falha na comunicação -que me afligia- perdeu-se no meio do riso. Então, eu ri. E rimos, eu e ela, sem nos conhecermos... E os seus olhos inquietos, cerrados em diversos momentos pelo riso, continuavam a falar. Trouxe tantas coisas comigo daquela primeira visita, mas em especial aqueles olhos e aquele riso.

A minha ânsia em fazer algo como estudante de medicina e integrante da liga foi completa com um riso naquele sábado, mas voltei para casa com muito mais do que saí: voltei com mais ânsias, sim, mas voltei com mais certeza de que um bom médico precisa sim de muito conhecimento, mas também gostar de pessoas, gostar de vidas, gostar de risos.

Erico Verissimo escreveu: "Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está passando inutilmente."
Fui feliz naquele momento. Fomos, eu, e -sem notar- ela.

Espero que gostem, abraços e risos. Mariana Codevila Buere

Comentários

  1. O sorriso, em geral, abre janelas, se não portas. Afinal, um pouco de alegria une as pessoas. Lindo texto. Parabéns.

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