CONHECIMENTO E CRESCIMENTO

Durante os dias 10 a 21 de dezembro de 2018 tive a grande satisfação de realizar o estágio de vivência em Saúde da Família e Comunidade (SFC) na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Dr. Carlos Roberto Riet Vargas, localizada no Bairro Cidade de Águeda, na cidade de Rio Grande, experiência oportunizada pela Liga de Educação em Saúde (LES) da FURG. Com o passar dos dias, conheci a estrutura física da UBSF, tive uma maior compreensão sobre a promoção e prestação de cuidado às pessoas com base no Programa de SFC, compartilhei conhecimentos e experiências com os profissionais e funcionários da Unidade, com o outro colega de Curso que realizava o estágio naquele momento, e com as pessoas que são assistidas no serviço de saúde.

A experiência foi deveras gratificante! Desde o primeiro momento, em que adentrei na Unidade, já fui bem recebida e imediatamente acolhida pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pelos médicos (contratados e residentes), e pelos demais funcionários. Foi-nos passada uma gama de informações, como, por exemplo, de que modo os usuários do serviço são recebidos e encaminhados ao serviço desejado – seja para consultas de rotina, seja para a realização de acolhimento (são esferas de atendimento diferentes!) –, como avaliação de exames, consultas de pré-natal, puericultura, atendimento odontológico, entre outras, perpassando pelo papel dos profissionais e funcionários da Unidade, importância da visita domiciliar na promoção da saúde e minimização de agravos em saúde, particularidades do serviço, diferenças da atenção primária para a secundária e terciária, relevância do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) para a equipe adscrita, até outras atribuições da Medicina da Família e Comunidade (MFC), que compõem a esfera da Atenção Primária em Saúde de acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Na UBSF da Cidade de Águeda há duas equipes de Saúde da Família e Comunidade: a equipe 009 e a equipe 032. Ambas as equipes possuem seus médicos residentes responsáveis pela assistência aos usuários da área de cobertura da UBSF, quais sejam: Bairro Cidade de Águeda e COHAB IV + Condomínio Montagner, respectivamente. As duas equipes possuem seus respectivos ACS, médicos residentes, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogo, assistente social, fisioterapeuta, educador físico, dentista e assistente bucal (que atendem ambas as áreas 009 e 032), médicos contratados/concursados, bem como demais funcionários da Unidade.

Tive a maravilhosa oportunidade de conhecer e de participar dos grupos de hipertensos e diabéticos (Bem-Me-Quer e Harmonia) das equipes, do Grupo de Gestantes, das reuniões do NASF e da sessão de fotos das gestantes da Área 009, entre outras experiências fantásticas. Aprendi muito nos grupos: a ouvir e saber o momento certo de falar ou de ficar calada, a me colocar no lugar do outro – seja do profissional, seja do paciente assistido. Participei – e realizei! – acolhimentos e consultas (sempre sob a supervisão de um dos médicos da Unidade!), tive a maravilhosa oportunidade de trocar idéias e compartilhar experiências de vida e de aprendizado junto aos usuários dos serviços, dos ACS, médicos, residentes em Medicina da Família e Comunidade, enfermeiras, técnicas e dos demais funcionários. Foi uma vivência magnífica e reveladora.

Ao longo dos dias na Unidade, aprendi a conhecer mais sobre as histórias dos outros tanto usuários do serviço quanto funcionários e profissionais, e aprendi, sobretudo, a conhecer mais sobre mim mesma. Durante os momentos de grupos, consultas, acolhimentos, ao observar a atuação dos profissionais, suas atribuições e formas de conduzir e realizar suas respectivas tarefas, procurei absorver o máximo de conhecimento e de informações possíveis, mas procurei também captar todas as sensações e emoções presentes em cada um desses momentos – tanto as do paciente quanto as do profissional, mais comumente (porém não exclusivamente) o médico.

Ao término de cada grupo, de cada consulta, acolhimento, avaliação, reunião, sempre procurava elaborar uma percepção e uma opinião sobre o que havia presenciado/realizado, mediante um feedback, a fim de agregar aquilo que mais se mostrou significativo para mim naquele momento. Cada experiência foi única e engrandecedora: até aquelas em que houve algum tipo de conflito ou de postura diferente daquelas às quais estamos habituados a presenciar em sala de aula ou em campos de práticas, pois de todas elas foi possível retirar algum tipo de aprendizado ou lição – agregar conhecimento era a ordem do dia, sempre! E isso eu levarei sempre comigo após a fantástica experiência de realização de estágio em vivência na UBSF da Cidade de Águeda: CONHECIMENTO.

Compartilhar experiências, ideias, opiniões, histórias de vida, percepções distintas sobre os mais variados assuntos, com usuários da Unidade, profissionais, funcionários, colegas, e APRENDER com eles, isso é o que eu levarei de mais valioso comigo após finalizar as atividades na UBSF! Além de aprender a “ser médica”, aprender sobre as atribuições e funções da profissão que escolhi, reaprendi a “ser gente” novamente. A valorizar cada pessoa, cada ser humano como ele é, com suas inúmeras qualidades, seus pontos a melhorar, facilidades e dificuldades, problemas e soluções, histórias e lições de vida.

Não aprendi somente a arte do cuidado às pessoas de forma a minimizar seus agravos em saúde como futura profissional médica; aprendi, sim, a respeitar cada ser humano como ele é, com suas crenças, percepções, opiniões, sentimentos e emoções sobre as coisas, cujo exercício de aprendizagem é contínuo e infinito. Se existe algo que aprendi ao longo dos dias de estágio na Unidade é que o ser humano é particular e maravilhoso em suas particularidades; tem sim, dificuldades a seres superadas; e que a busca pelo aprendizado deve ser diária, contínua e perene – visto que nunca acaba!

A LES me oportunizou a vivência de experiências únicas e grandiosas, algo que nem sempre conseguimos alcançar nas aulas práticas devido ao pouco tempo ainda destinado ao aprendizado na área de Saúde da Família e Comunidade, infelizmente. No mais, só o que posso dizer é OBRIGADA. Obrigada a todos aqueles que me proporcionaram a oportunidade de me tornar uma pessoa melhor ao viver tal experiência! E desejar que outras pessoas possam também vivenciar o que eu vivenciei nesses dias em que estive na Águeda acompanhando o serviço: CRESCIMENTO. Como futura profissional e, especial e principalmente, como pessoa.

FIM! ♥

Relato de vivência por Brenda Balk, acadêmica de medicina da FURG.